terça-feira, 4 de março de 2014

CENTRAL DO BRASIL

Por Raul Pirauá

A Estação Central do Brasil foi inaugurada em 1858, com o nome de Estação Dom Pedro II, denominação a qual ostentou até 1998 e ainda é conhecida. A nomenclatura atual é uma homenagem a Estrada de Ferro Central do Brasil, que foi idealizada em 1855, quando o engenheiro inglês Edward Price fechou um contrato junto ao governo imperial brasileiro, que visava integrar sobre trilhos a cidade do Rio de Janeiro, então município da corte nacional ao restante do país.
                A princípio a Estrada de Ferro interligava municípios dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Sendo que ano de 1947 a estrada que chegava até a estação de Montes Claros-MG, foi ampliada para Monte Azul, ao extremo norte mineiro, ligando-se em 1950 a Viação Federal do Leste Brasileiro atingindo a cidade de Salvador, na Bahia.
                Nesses anos milhares de nordestinos e mineiros, embarcaram no Trem do Sertão, como era conhecida essa linha, rumo ao Rio de Janeiro e São Paulo, com o sonho de uma vida melhor, sendo que anos mais tarde uma parte retornava a suas origens de cabeça erguida, onde após muito trabalho na construção civil ou nas lavouras conseguia uma pequena economia, suficiente para proporcionar uma vida melhor a seus familiares que permaneceram em suas terras aguardando dias melhores.
                Havia também o outro lado da moeda, onde esses imigrantes retornavam para casa levando apenas a desilusão da cidade grande, retornando muitas vezes em situação ainda pior do que se encontravam quando rumaram ao sudeste brasileiro.


                No ano de 1969 a Estrada de Ferro Central do Brasil foi sucedida pela 6ª Divisão Central, subordinada à Rede Ferroviária Federal .
                Hoje a Estação Central do Brasil é a mais conhecida de nosso país, possuindo diversas linhas que ligam a área central da cidade ao subúrbio carioca, bem como a outros municípios da Baixada Fluminense.
                Muitos anos atrás a linha ferroviária era ferramenta de transporte de toda a população carioca, porém com o passar dos anos ficou restrita à classe mais popular, que não possui condução particular ou não tem condições de arcar com as passagens de ônibus, que normalmente tem um valor mais elevado do que os bilhetes de trem. Nos dias atuais os trens da Central do Brasil são o meio de transporte de milhares de pessoas, que em sua maioria são de origem humilde, um povo sofrido, acostumado a falta de oportunidades na vida.

                Porém deve-se frisar que esse povo humilde é o mesmo povo que levantou a cidade do Rio de Janeiro, bem como outras metrópoles do nosso país, tornando-a conhecida mundialmente como “Cidade Maravilhosa”, cartão postal visitado por milhões de turistas de todo o Brasil e exterior e que será sede dos próximos jogos olímpicos, que tem seu sucesso atrelado a capacidade daqueles homens de origem simples, que todos os dias se espremem nos corredores dos trens da central do Brasil.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A GUERRA DOS CEM ANOS

Por Raul Pirauá

  A Guerra dos Cem Anos foi um dos maiores conflitos da Idade Média, envolvendo duas das maiores potências da Europa na época: França e Inglaterra. Segundo historiadores a guerra começou em 1337, encerrando-se 1453, tendo durado portanto longínquos 116 anos. Porém, esse confronto não foi uma disputa ininterrupta, mas sim uma série de batalhas ao longo desses mais de cem anos.
 
Para que possamos entender as motivações desse embate, é preciso retrocedermos séculos antes, quando no ano de 1066 o Duque da Normandia, que era um território francês, conquistou a Inglaterra e proclamou-se Rei Guilherme. Diante da situação, tanto o novo rei inglês quanto seus sucessores, além de pertencentes da família real da terra conquistada, eram ainda súditos da coroa francesa, uma vez que eram herdeiros de terras naquele país.
   Em 1337 o Rei Eduardo III da Inglaterra  reivindicou o trono francês, uma vez que seu tio, o Rei Carlos IV da França, havia falecido nove anos antes sem deixar herdeiros. Porém, os nobres franceses não estavam dispostos a ser curvar diante de um rei inglês, que visava ampliar seu domínio sobre as cidades comerciais, principalmente na região de Flandres. Os franceses organizaram então uma assembleia que escolheu Conde Felipe para assumir o trono, passando a chamar-se Rei Felipe VI.
   As relações entre Eduardo III e Felipe VI não eram das mais amistosas e após o rei da Inglaterra herdar os territórios franceses da Gasconha, Guiana  e Ponthieu, que somados a Normandia atrapalhavam os planos franceses de centralizar sua monarquia, iniciou-se uma das mais famosas guerras da história da humanidade, a Guerra dos Cem Anos.
   A primeira etapa do conflito se deu até 1360 e não teve uma grande expansão, terminando graças ao Tratado de Brétigny, que assegurou aos ingleses plena soberania sobre suas terras em território francês. Nos sessenta anos seguintes ambos os países sofreram com diversos problemas internos, entre eles a avassaladora Peste Negra, havendo assim uma fase de paz não declarada, que esporadicamente era interrompida por conflitos inenarráveis, até que por volta de 1420 o Rei Henrique V da Inglaterra, percebendo que a França passava por uma forte crise interna em função da insatisfação da nobreza com a coroa francesa, decide reivindicar o trono francês dando início ao período mais conturbado da guerra.
   Essa fase final do conflito foi favorável à França, que sob a coroa de Carlos VII e contando com um exército muito bem treinado e organizado, conseguiu expulsar os ingleses das regiões da Normandia, Guiana e Gasconha, reconquistando a autonomia sobre seu território. Em 1453 ocorre aquele que é considerado pelos historiadores o marco final da Guerra dos Cem Anos: O Conflito de Castillon na França, onde cerca de 3.500 ingleses foram mortos ou capturados, sendo a primeira batalha da história europeia decidida graças a uma artilharia. Após essa batalha França e Inglaterra assinaram um tratado de paz, pondo um ponto final a guerra.
   Além da consolidação de ambas as monarquias e abrir caminho para o absolutismo, a Guerra dos Cem Anos liquidou as pretensões inglesas sobre os territórios franceses, principalmente quando os feudos do rei inglês na França, forma retomados pela coroa francesa.
   Houve ainda o declínio da nobreza francesa, pois ao longo da guerra vários nobres morreram sem deixar herdeiros e suas terras passaram para a coroa francesa, o que enfraqueceu consideravelmente o sistema feudal e possibilitou a criação de algumas instituições de governo centralizadas.
   A Guerra dos Cem Anos marca o final da Idade média e o início da Época Moderna, e seus conflitos deixaram milhares de mortos, além de devastar o território e a produção agrícola francesa.

 Joana D’Arc

   Toda guerra tem seu personagem principal e a Guerra dos Cem Anos conta com uma das personagens mais místicas da história, ninguém menos que Joana D’Arc, uma camponesa francesa nascida em 1412 na pequena Domrémy, que durante a infância dividia seu tempo entre as responsabilidades domésticas e as tradicionais brincadeiras de crianças.
Joana D’Arc era muito religiosa e aos doze anos de idade afirmou ter ouvido vozes celestiais que lhe ordenavam salvar a França e coroar o rei. Certo dia a menina escreveu uma carta ao rei francês pedindo-lhe conselhos, e por motivos até hoje desconhecidos o monarca aceitou recebê-la. Chegando ao Castelo de Chion, após dez dias de viagem, Joana D’Arc falou imediatamente ao Rei Carlos VII sobre as vozes que ouvira e as ordens que narravam. A princípio o rei duvidou da veracidade dessas afirmações, porém Joana convenceu o rei quando narrou os pedidos que o monarca fizera a Deus, quando estava sozinho em uma igreja. Após ser testada por teólogos Joana D’Arc recebeu das mãos do rei uma espada, um estandarte e o comando geral dos exércitos franceses.
A heroína e sua pequena tropa de cinco mil homens conseguiram empreender vitórias em várias batalhas da Guerra dos Cem Anos. Porém em 1430, os nobres franceses percebendo o crescimento de Joana D’Arc e temendo uma aliança popular junto aos camponeses, o que fugiria dos seus interesses, entregam-na  aos ingleses, que sob a acusação de bruxaria, na verdade um pretexto sem fundamentos, condenaram-na a morte, sendo queimada em uma fogueira.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

O Primeiro Voluntário

Por Raul Pirauá.

 Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga nasceu no dia 2 de dezembro de 1825 e faleceu em 5 de dezembro de 1891, foi o segundo Imperador do Brasil e reinou por 58 anos. Natural do Rio de Janeiro, foi o último filho de Dom Pedro I, membro do ramo brasileiro da Casa de Bragança. A ida do pai para Portugal deixou Pedro, um menino de apenas cinco anos Imperador, proporcionando–lhe uma infância muito triste. Pedro II cresceu para se tornar um homem com forte senso de dever e devoção ao seu país e seu povo. Porém, ele afastou-se cada vez mais de seu papel como monarca. 
   Pedro II fez do Brasil uma potência emergente no campo internacional. O país cresceu e deixou seus vizinhos para trás devido a liberdade de expressão zelosamente mantida, a sua estabilidade política, o respeito aos direitos civis, a seu crescimento econômico vibrante e especialmente por sua forma de governo: uma funcional monarquia parlamentar constitucional.
Sob seu reinado o Brasil também foi vitorioso em três guerras internacionais: a Guerra do Prata, a Guerra do Uruguai e a Guerra do Paraguai.
   Imediatamente após a Lei do ventre livre, a saúde do Imperador declinou cada vez mais e os médicos responsáveis pelo rei sugeriram que ele buscasse tratamento na Europa. Ele embarcou rumo ao velho continente em 30 de junho de 1887. Em Milão ele passou duas semanas entre a vida e a morte, recebendo inclusive a extrema unção. Em 22 de maio de 1888, enquanto ainda se recuperava, recebeu a notícia de que a escravidão havia sido abolida no Brasil. Deitado na cama, ainda enfermo e com uma voz muito fraca, derramou sinceras lágrimas e disse: "Grande povo! Grande povo!"
Apoiados por fazendeiros, insatisfeitos com o fim da escravidão, os positivistas realizaram um golpe de Estado em 15 de novembro de 1889 e instituíram uma república. As poucas pessoas que presenciaram o acontecimento não perceberam que se tratava de uma rebelião. Relata-se que nunca antes uma revolução havia sido tão minoritária. Durante todo o processo Pedro II não demonstrou qualquer emoção, como se não se importasse com a situação. Ele rejeitou todas as sugestões para debelar a rebelião. E após ser deposto, apenas comentou: "Se assim é, será minha aposentadoria. Trabalhei demais e estou cansado. Agora vou descansar". Ele e sua família foram mandados para o exílio na Europa.
Às 00:35 da manhã do dia 5 de dezembro de 1891, Pedro II faleceu, vítima de uma pneumonia. Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses últimos desejos—paz e prosperidade para o Brasil." Enquanto preparavam seu corpo, um pacote lacrado foi encontrado no quarto com uma carta escrita pelo próprio Imperador: "É terra de meu país, desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria". O pacote que continha terra de todas as províncias brasileiras foi colocada dentro do caixão.

Começa uma nova história!

Olá!
Este blog surgiu pela união de amigos, estudantes do curso de História, que tem como objetivo além da viagem pelas curiosidades da história, o aprendizado de fatos históricos que servirão como complemento para nossa trajetória acadêmica e futuramente para nossa vida profissional dentro das salas de aulas.
Como pessoas abertas e cientes de que somos passíveis de erros e de que ninguém detém o saber absoluto, dentro de toda educação e ética que regem nossa sociedade, aceitamos sugestões, críticas e contribuições.
Abraços a todos!
Kika, Paty e Raul.